quarta-feira, 22 de julho de 2015

Não Pensar



Não Pensar


Penso vagamente em não pensar, pois pensar as vezes enlouquece.
O silêncio prevalece por se estar apenas pensando e essa entrega ao acaso é efeito da libertação de um pensamento mecanizado, convencionando-se em causa do próprio resultado: o nada.
A confusão exalante sob a pressão do não-dito leva a frustração de se perceber que não se consegue direcionar o pensamento ao vazio...
Sim, não pensar é estar só, sem a própria companhia. Projetando a alma para um plano vazio.

(J. lima)

terça-feira, 21 de julho de 2015

A águia na montanha... sê tu, amor?




A águia na montanha... sê tu, amor?


Viajo por meus sentimentos como uma águia sobre a montanha. Não quero tê-los face a face, apenas os observo com ótima visão.
Por pequenos momentos sonho tolamente encontrar um resquício de humanidade dentro daquelas pedras, mas sei que não há. O chão montanhoso é infértil. Essa sensação de vazio traz a segurança necessária para construir minha morada. Meu pouso forçado é também seguro no cume mais alto.
De lá enxergo ao longe essa terra sem vida, mas ampla. Ao fundo o som do mar e o frio gélido das altitudes complementam minha paz.
Num bater de asas equilibro meu corpo e pairo dentre os perigosos picos, afiados como lâminas, prontos para interromper meu vôo, mas tenho cautela. Enquanto me recupero de cortes profundos questiono minha própria sanidade. O que tanto busco nos meus voos? me pergunto isso todas as vezes. Não sei. Certamente quero ser visto para além das cordilheiras. Anunciar-me nos céus como um ser sublime, enquanto vivo escondido nas secas e infelizes pedras sem vida.


(J. Lima)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Hey, humanos!

estou em pé de guerra com o tempo, mas logo voltarei a publicar textos novos. Agora com uma pegada mais leve...
Aguardem... Novas surpresas!

(J. Lima)

terça-feira, 2 de junho de 2015

Eros





EROS


Não sei amar. Quero enxergar em tudo uma lógica mutável que não existe. Amo passageiramente, degustando e vomitando o amor.
A carne é mastigada, saboreada, mas logo parece amargar. Um sabor pútrido de sensações já experimentadas.
Digladiando com minhas próprias palavras inebrio meus pensamentos a ponto de ter visão mesmo lá no calabouço. Convertendo o escuro em resquícios de sanidade para, então, distinguir o que é racional do que é amor. Conto os passos que são dados lá fora até a ponte arterial que me leva ao ser amado. Implanto meu veneno mortal e começo a degustação. Quando finalmente penso que, por fim, aquela é minha morada a boca novamente amarga e descubro que ainda não sei amar. Estou estagnado. Fadado a não viver.

(J. Lima)

domingo, 17 de maio de 2015

SOMBRA



Sombra

Transite entre meu âmago e minha face. Julgue aquilo que estou fazendo e sentencie minha atitude irracional. Aprove meus pedidos, divulgue minha falha, confirme minha razão. Diga-me se estou fazendo da melancolia minha vida e da vida um mal. Com dedo em riste imponha seu ego e aponte o lugar glorioso que nunca chegarei. Juntando as mãos em aplausos sorria e acene enquanto meu pódio não tem público.
Vamos lá, criança, faça sua aposta!
Afirme a instabilidade como ponto de partida dos meus pensamentos. Com grades e cimento prenda meu ser nesse mundo restrito.
E minha vida ainda continua, mas e a sua onde está?


(J. Lima)

SILÊNCIO



Silêncio


Quando calar é necessário, mas palavras loucas saltam a boca e fazem do que seria um pensamento uma simples manifestação de sons... a alma dói, o peito inflama. Pouco a pouco o nada preenche um conteúdo antes cheio de um tudo, mas que agora parece transbordar somente por vaidade.
A sensatez nas palavras proferidas é uma necessidade que, em loucura inata, não se adéqua a seus próprios requisitos. Cada ser com seu mundo, diferenciando suas limitações de um tudo tão igual. Palavras insanas doem ao ouvido de quem vive selecionando sua sensatez, mas tudo é tão simples, tão igual, tão silencioso que calar é a solução. Calar. Não para manter o silêncio, mas para ser lúcido... comigo.

(J. Lima)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

INEBRIADOS





Inebriados



O entardecer dessa transição vital é o ponto de partida para vindouras noites frias. Aquecido somente pelo calor da ignorância e sobrevivendo apenas das migalhas oferecidas que, apesar de minimamente essenciais, são migalhas apenas.
 Presos em pequenas caixas, acoados e amedrontados por uma realidade distante ou artificial, nos fazem fantoches. Entregamos nas suas mãos as cordas dos nossos pulsos então nos controlam. Arrancamos nossos olhos e escupimos outros de madeira, logo serão as pernas, os braços e por fim seremos todo de madeira. Logo se vê que o barro não deu certo, pois de nada serve quando aquecido e quebrado, madeira é melhor de manipular. A esperança tola do plantio, aguardando-se colher novos brotos, também fora frustrada. Quando as cordas se quebram somos, então, queimados como lenha para suprir a necessidade de alguns. Algum dia, supomos, voltaremos das cinzas e novamente o mesmo ciclo se repetirá. Talvez em outras condições, em outros moldes, mas será apenas mais do mesmo.

(J. Lima)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Hey, insanos! Paz e Bem.

Em breve voltarei a atualizar o blog semanalmente. O tempo livre está restrito a poucas horas semanais, por isso não postei nada nas últimas semanas. Mas vamos lá!
Bola pra frente...
Até breve!

(J. Lima)

quarta-feira, 8 de abril de 2015

QUEM ÉS?




Quem és?


Sou o mesmo. Mas não me reconheço naquele espelho, ele não reflete a mesma imagem de outrora. Talvez tenham-no mudado o vidro e agora reproduza uma imagem côncava. Quem sabe, então, escureceram-no as bordas, por isso vejo alguém tão apagado lá no fundo... O rosto magro, sem vida, quase um morto-vivo. E aquela barba por fazer?! Decerto não sou eu aquele ser repugnante... o espelho está defeituoso, melhor trocá-lo.

(J. Lima)

quinta-feira, 2 de abril de 2015

GAIOLA SEM GRADES





Gaiola sem grades


Preso nessa angústia sem fim. Minhas asas cansadas, meu corpo exausto suplicando um minuto de descanso. Como uma folha seca ao vento a imaginação vaga.
Mesmo num descuido, permitindo que os pensamentos voem longe, as grades logo acabam com as fantasias. E tudo que era sonho passa a ser uma esperança tola. Uma ilusão inacessível.

(J. Lima)

sábado, 28 de março de 2015

DOR


Dor



Não dói. Grita, sussurra, implode, machuca... mas não dói. Essa necessidade do desnecessário.

(J. Lima)

GRITO



Grito



O vazio em seu peito há muito gritava... em um gemido silencioso seu mundo diluía-se pouco a pouco, como papel jogado sobre a água de um lago; a certeza do incerto nunca fora tão real quanto agora.
Dúvidas, que outrora eram apenas pensamentos vagos, invadiram um espaço antes ocupado por um estranho sentimento. Felicidade talvez. Um sentimento tão abstrato; uma simples palavra.
Não há uma certeza sequer. Mas o temporal se aproxima e só lhe resta aguardar que os ventos o levem. Não importa a direção, desde que o caminho seja longo o suficiente para calar os gritos daquele vazio imerso em incertezas.


(J. Lima)

sexta-feira, 27 de março de 2015

NO FIM, SOMENTE UM VASO



No fim, somente um vaso



Sinto-me vazio e cansado. A necessidade de sonhar me abandonou... Penso, a cada dia que passa, se estou no caminho certo, se devo continuar com os mesmos planos. Não tenho mais sede, estou saciado. Pensei nunca dizer isto, mas, sim, estou saciado. De translúcido a opaco. O recipiente que antes propagava a luz que recebia, agora forma uma sombra monótona.
Decerto queria ser um vaso quebrado, sem concerto. Sou, porém, um vaso que sequer saiu da prateleira. E, como tantos outros, talvez não seja notado e permaneça ali com a poeira aguardando a próxima geração fazê-lo antiquado, inútil. 
Queria também que meus cacos, nas mãos do oleiro, servissem pra alguma coisa... sei que não servem. Não sou uniforme. Não somente a argila me compõe, também o cristal.
Quero refúgio, não tenho. Então descubro que além de argila e cristal, sou de ferro.


(J. Lima)


VOZES


Vozes



As vozes ecoaram nas paredes. Doces, suaves, ferinas por vezes, mas sempre gritantes naquele silêncio interno.
Muitos foram os dias sem rumo. Desnorteado pelas várias direções sopradas ao ouvido. Belas vozes. Algumas chamavam, clamavam, choravam – não que fosse possível distinguir sentimentos em todas aquelas nuances – quando finalmente cessaram.
Olhei ao meu redor e o que antes parecia uma lotada estação de trem, com o vai e vem das pessoas, agora era somente eu... calado. Talvez tenha assassinado todos aqueles infelizes sons, como faria um louco qualquer, e talvez eu o tenha feito. Silenciar cada um desses “eus” que calaram tão de repente, pode ter sido uma boa ideia... por enquanto.
(J. Lima)